segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O CUPIM E SEUS SIGNIFICADOS

Minha primeira descoberta de admiração ao cupim bovino foi saber que eles eram a fonte de energia que permitia a rusticidade ao gado Zebu. Sim, naquela corcova de fibra gordurosa o portador carregava uma usina de força. Essa característica foi a responsável pela expansão do rebanho zebuíno no Brasil e hoje se busca aperfeiçoar geneticamente esse volume em seu lombo. Os criadores de gado buscam cada vez mais cupins maiores, mais reserva para os enfrentamentos de pastos fracos. O criador artista, eu no caso, vi outras potencialidades. Vi outros animais quando o boi abaixava a cabeça no cocho para lamber o sal. Vi personagens insondáveis, personas... Depois disso foi fácil ver nos cupins, pictoricamente, um quase novo (outro) animal, um novo ser. E assim foi: os vi orando no muro das lamentações, os vi mulheres usando burcas, os vi encobertos, místicos, monges, insondáveis, imponderáveis...  Nos detalhes, vi similares aos empacotamentos pop de Christo, vi até o Cristo Redentor empacotado, vi lamentações nos Arcos da Lapa, vi alienígenas e até elefantes. Vi paisagens, montanhas redondas, vi horizontes criativos intermináveis... Vi que nascia uma série que chegava para permanecer em meu repertório e abastecer minha fantasia na gestalt das sombras entreolhadas em minhas meditações transcendentais... Enfim, os cupins apresentaram-me uma plástica inesgotável. Deixo aqui a vocês alguns exemplos das impressões que eles causaram em mim e que eu trouxe à luz das cores. E tenho certeza que voltarei sempre renovado em minha paixão pela pintura, toda vez que eu mergulhar nesse tema
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Humberto Espíndola
15.02.2011



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sobre a minha Série Cupins, comentou a crítica de arte Maria da Gloria Sá Rosa

Depois de ter pintado o boi de todas as formas, Humberto Espíndola decidiu ultimamente retratá-lo numa linguagem minimalista sintética. Escolheu para essa série de experiências o cupim bovino. Com isso projetou-se além do tempo, nessa capacidade que têm os artistas de engolir os minutos a fim de precipitar o futuro com o qual se identificam. Surgiram formas que fogem da imagem corriqueira do boi. Isolados em closes, os cupins agora lembram criaturas encapuzadas, com raízes no momento atual. Os bois viram personas encobertas, mulheres envolvidas em burcas, o que confere a essa fase a presença do sagrado. Uma vez mais na obra de Humberto Espíndola, o boi é motivo de abordagem de problemas atuais.


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