Minha primeira descoberta de admiração ao cupim bovino foi saber que eles eram a fonte de energia que permitia a rusticidade ao gado Zebu. Sim, naquela corcova de fibra gordurosa o portador carregava uma usina de força. Essa característica foi a responsável pela expansão do rebanho zebuíno no Brasil e hoje se busca aperfeiçoar geneticamente esse volume em seu lombo. Os criadores de gado buscam cada vez mais cupins maiores, mais reserva para os enfrentamentos de pastos fracos. O criador artista, eu no caso, vi outras potencialidades. Vi outros animais quando o boi abaixava a cabeça no cocho para lamber o sal. Vi personagens insondáveis, personas... Depois disso foi fácil ver nos cupins, pictoricamente, um quase novo (outro) animal, um novo ser. E assim foi: os vi orando no muro das lamentações, os vi mulheres usando burcas, os vi encobertos, místicos, monges, insondáveis, imponderáveis... Nos detalhes, vi similares aos empacotamentos pop de Christo, vi até o Cristo Redentor empacotado, vi lamentações nos Arcos da Lapa, vi alienígenas e até elefantes. Vi paisagens, montanhas redondas, vi horizontes criativos intermináveis... Vi que nascia uma série que chegava para permanecer em meu repertório e abastecer minha fantasia na gestalt das sombras entreolhadas em minhas meditações transcendentais... Enfim, os cupins apresentaram-me uma plástica inesgotável. Deixo aqui a vocês alguns exemplos das impressões que eles causaram em mim e que eu trouxe à luz das cores. E tenho certeza que voltarei sempre renovado em minha paixão pela pintura, toda vez que eu mergulhar nesse tema
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Humberto Espíndola
15.02.2011